As entidades médico-hospitalares integrantes do Grupo Paritário que negocia junto ao IPE-Saúde mobilizaram, nesta quarta-feira, um Dia de Alerta, com a suspensão de 12 mil atendimentos eletivos no Estado. O grupo registrou em cartório uma notificação extra-judicial dando um prazo de 30 dias para que o Instituto apresente soluções para problemas que vêm sendo apontados há anos, como as dívidas provenientes de glosas e a defasagem de procedimentos e valores. Caso as respostas do IPE não venham nesse prazo, as entidades não descartam novas paralisações, ações judiciais e descredenciamento de médicos e hospitais.
Em entrevista coletiva realizada no Simers, o presidente do Cremers, Rogério Aguiar, reforçou o apoio ao movimento. Ao falar sobre a CBHPM, ainda não adotada pelo IPE, Aguiar ressaltou: “Uma instituição importante como o IPE tem que assumir seu papel na prestação de serviços à população. Usar um rol de valores e procedimentos que já foi abandonado e superado há dez anos, ignorando a evolução da medicina, é um prejuízo muito grande para os usuários”. O presidente esteve acompanhado do segundo secretário Isaias Levy, representante do Conselho no Grupo Paritário.
O grupo, composto também por representantes da Associação Médica do RS (Amrigs), do Sindicato Médico do RS (Simers), da Federação dos Hospitais do RS (Fehosul), da Associação dos Hospitais do RS (Ahrgs) e da Federação das Santas Casas e dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, protocolou a notificação em vários órgãos estaduais beneficiários do IPE-Saúde em busca de apoio.
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Roteiro
No dia 22, após o registro em cartório, a comitiva entregou o documento à Chefe Adjunta da Casa Civil, Mari Perusso. No Início da tarde, a notificação foi protocolada na Assembleia Legislativa com o vice-presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, deputado Pedro Pereira. Na Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do RS (Fessergs), o presidente Sérgio Arnoud recebeu o grupo, que a seguir encontrou o comandante geral da Brigada Militar e presidente do Conselho Deliberativo do IPE-Saúde, coronel Fabio Duarte Fernandes.
No Tribunal de Contas do Estado (TCE), o chefe de gabinete da presidência Tarcísio Francisco Dal Ri recebeu o protocolo em nome do conselheiro-presidente Cezar Miola. Por fim, o grupo fechou a agenda do primeiro dia de reuniões com o presidente do Conselho de Comunicação do Tribunal de Justiça do RS, desembargador Túlio Martins.
Na quinta-feira, 23, o roteiro de reuniões começou no Ministério Público do Estado, com o procurador-geral de Justiça, José Barrôco de Vasconcellos. A seguir, a presidente do Cpers/Sindicato, Rejane Fernandes, recebeu o documento. À tarde, na Ajuris, o presidente Pio Giovani Dresch teve um longo encontro com o grupo. Na sexta-feira, o protocolo será recebido pelo presidente da Assembleia Legislativa, Pedro Westphalen.
Todas as entidades se mostraram abertas ao diálogo e favoráveis à qualificação da assistência à saúde no IPE. Cada uma garantiu que a demanda será levada a debates ampliados com seus membros e, dentro das possibilidades, usará sua influência para alertar a sociedade e apoiar a reconstrução do diálogo no IPE-Saúde.
Paralisação
Médicos e hospitais de todo o RS aderiram à paralisação no dia 22, suspendendo o atendimento eletivo. Entre eles, médicos do Hospital Ernesto Dornelles e os hospitais Moinhos de Vento, Santa Casa de Misericórdia, São Lucas da PUC e Clínica São José, em Porto Alegre. No interior, os hospitais São Vicente de Paulo (Passo Fundo), Astrogildo de Azevedo e Universitário (Santa Maria), Santa Lúcia (Cruz Alta), Bruno Born (Lajeado), Pompeia (Caxias do Sul) e Caridade de Erechim deram notícias da suspensão de procedimentos.